sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Haiti: ajudar não é uma escolha, é uma obrigação





Bem, não somos Haitianos, mas poderíamos ser. Na verdade, já fomos e não nos lembramos. Somos todos filhos e filhas de migrantes e imigrantes. Em algum momento da história de nossas famílias alguém migrou para algum lugar. 

É um problema social sim, e não podemos nos ater do lado de fora disso. Eles não vieram pra roubar nossos empregos, nossos acentos em bancos de ônibus, ou achar que eles trouxeram a “má” educação pra cá. A propósito, qual o manauara que pede licença ao entrar no ônibus ou dá bom dia ao motorista e cobrador? Bem, conheço poucos. E isso não depende da classe social ou posição econômica. 

Existe uma coisa chamada “direito de imagem”. Agora, vamos pensar: se você está em um país desconhecido e não tem ajuda em nada, você vai tentar sobreviver de qualquer forma. Não acho errado cobrar por um direito, já que agora nos cobram por cada download, por que não por nossa imagem? 

Temos o quarto maior PIB do Brasil. Somos um estado rico em todos os aspectos, e posso afirmar que os Haitianos e qualquer outro imigrante neste país ou em qualquer outro, não está aqui por meros caprichos, e sim muitas vezes por necessidade. Todo ser humano por pior que seja tem suas raízes cívicas e quer ver seu país crescer, e acredito que com eles não seja diferente. Nos negar a ajudá-los por si só já é um crime. 

Todos nós temos veias forasteiras, sejam elas nordestinas, sulistas ou estrangeiras. Não é por que somos taxados de “Paraíbas e Arigós” em outros estados que seremos xenofóbicos na mesma proporção.

A cidade não está com um “verdadeiro contraste de cores, rostos e roupas” ela sempre esteve assim e não são os haitianos os responsáveis por isso. Somos nós, é uma característica do brasileiro. Eles não são os culpados do nosso desemprego, fome, descontrole na natalidade ou falta de saneamento, apenas agora compartilham disso conosco. Não é um punhado de haitianos que modificará a “ordem” no nosso estado e país, pois temos mais políticos corruptos que se revezam no poder há décadas. No entanto, quem sabe um desses Haitianos não seja a nossa solução. Temos historicamente fatos que provam que um forasteiro pode contribuir muito com a história de um país, como exemplo: Che Guevara em Cuba e em outros países na América do Sul. 

Contudo, cada um de nós e principalmente nossos governantes tem a obrigação e o dever não como políticos, mas sim como seres humanos com o “Poder” em suas mãos de ajudar e achar uma solução para mais esse problema social em nosso Estado, muito embora não seja um grande desastre como no Haiti. É um dever de todos nós ajudar nossos irmãos sejam estrangeiros ou domésticos, e acredito que qualquer um que vá de contra a essa “ajuda” deve pedir sinceras desculpas por sua falsa moralidade e pseudonacionalismo.




Arthur Bulcão, historiador e professor de história
Larissa S. Pelegrini, mestra e bióloga

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