quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Sou Brasil, Sou Africa




As influências africanas nas artes visuais brasileiras, em especial, os símbolos africanos como comida, religião, música e costumes em geral, que hoje participam na nossa realidade. Tais símbolos podem ser reconhecidos em festas religiosas e populares, comidas típicas e até mesmo em pinturas corporais, como a tatuagem. Mesmo sendo colonizado por europeus, o Brasil é mais africano do que pensa. A África possui verdadeiro significado simbólico e cultural para os brasileiros, e em toda a nossa cultura há vestígios da herança chamada de "africanidade", que deu ao Brasil um colorido todo especial em nossa história cultural.
         Desde a chegada dos primeiros Negros ou Afro-Descendentes vindos da África ao Brasil por volta do século XVI, o Brasil tem sido uma segunda casa para os povos vindos deste continente. Embora quase que na grande maioria tenham sido arrancados de seus lares, países e reinos, o povo africano encontrou no Brasil algo que não conseguiram em outros países que foram cativos: a manifestação de sua cultura e de seus símbolos religiosos e sociais.
         Estamos rodeados por significados africanos, mesmo que não possamos perceber. Temos como exemplo mais tradicional o acarajé da Bahia comida típica dos reis dos reinos de Iorubás da África Ocidental (Tongo, Benin, Nigéria e Camarões).
         Para se entender alguns aspectos da cultura brasileira, devemos considerar os costumes e as heranças originadas a partir de muitas das práticas ancestrais africanas que aqui foram deixadas pelos escravos e por seus descendentes. Um desses valores trazidos pra o Brasil é a religião africana, que tem em suas muitas entidades e denominações uma diversificação muito grande, levando nomes distintos nas regiões brasileiras como: o culto afro-brasileiro toma o nome de Pajelança na Amazônia, Babacuê no Pará, Tambor-de-Mina no Maranhão, Xangô em Alagoas, Pernambuco e Paraíba, Batuque no Rio Grande do Sul, Afoxé na Bahia e Catimbó em todo Nordeste.
         Um dos símbolos mais afirmativos da cultura africana no Brasil é a música, com seus instrumentos exclusivos trazidos da África e seus tons alegres e ritmados. Temos como instrumentos africanos: Afoxé, Agogô, Arghul, Balafon, Bendir, Berimbau, Caxixi, Chiquitzi, Conga ou Atabaque, Cuíca, Djimba, Lira Africana, Reco-reco, Atabaque, Berimbau, Tambor entre outros. Estes instrumentos deram origem a um dos maiores símbolos do nosso país, o “samba”, que entre os quiocos de Angola, é um verbo que significa “cabriolar, brincar, divertir-se como cabrito”. Entre os bacongos angolanos e congueses o vocábulo designa “uma espécie de dança em que um dançarino bate contra o peito do outro”.
         A arte visual africana está fortemente arraigada à cultura brasileira. Está em todos os cantos; em nossas roupas com combinações de cores fortes como o vermelho, amarelo, verde, azul, o preto e às vezes todas em uma mesma peça de roupa. A arte visual está exposta em seus descendentes como Antônio Francisco Lisboa, conhecido por Aleijadinho, autor de obras como “Os doze profetas” e a arquitetura das igrejas barrocas de Minas Gerais, sendo estas consideradas suas obras mais conhecidas e representativas. Alem de artistas como Milton Nascimento na musica, Pelé no Futebol entre outros ícones afro-descendentes que fazem parte desta formação da cultura afro-brasileira.  
         Portanto é indespensável falar de cultura africana quando se refere à cultura brasileira; são dois mundos que estao ligados por laços muito mais fortes do que a própria cor. Estamos inseridos de forma profunda nas origens africanas, assim como nosso continente se encaixa geograficamente estamos encaixados na cultura africana que nos completa e completa-se com a nossa.


Fonte: Texto adaptado de África x Brasil = Arte Afro-Brasileira (Trabalho apresentado no VII congresso Internacional de Antropologia em Belém - Pará - Brasil).
Autor: Arthur Bulcão


Autor: Arthur Bulcão - Historiador e Professor de História e Semiótica 

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